segunda-feira, 21 de março de 2011

Avaliação Pós-Ocupação: “morar em conjuntos habitacionais hoje, em Uberlândia”

Pesquisa de avaliação pós-ocupação (APO) sobre qualidade estética e funcional dos espaços habitacionais públicos de moradias de interesse social da cidade de Uberlândia
Conjunto Habitacional: Jardim Sucupira
O Jardim Sucupira é um bairro localizado na Zona Leste de Uberlândia, onde se observam duas modalidades de arrendamento da parcela do solo cedida ao uso: o Conjunto Habitacional, com construções subsidiadas pela esfera pública, e o Loteamento propriamente dito. O Sucupira faz parte da porção de bairros da Zona Leste que se encontram após duas BR's – 050 e 465, onde o mais conhecido talvez seja o Morumbi. É no bairro em estudo que se encontra a penitenciária da cidade, um dos entraves para o bem-estar social e segurança dos que ali residem.
O objeto deste estudo é uma parcela mínima do Jardim Sucupira. Existe uma grande quantidade de unidades habitacionais já prontas há algum tempo no bairro, mas nenhuma delas ainda foi entregue. Isto posto, aliado ao fato das casas não terem muros entre elas, acabam sendo ocasionadas eventuais depredações nas residências que só aguardam donos. Ainda mais um fator a acrescentar na problemática “segurança”. Atravessando o bairro no sentido oposto ao presídio, nos limites com a BR-465 e o bairro São Francisco, é onde existe um outro conjunto habitacional, mais modesto que o citado anteriormente, e este é o referido objeto de estudo.
O pequeno conjunto habitacional conta com apenas 18 casas, entregues há quase um ano e meio pela COHAB, mas que em pouco tempo sofreu várias transformações, motivo que dá margem a uma avaliação pós-ocupação, mesmo que tal estudo pareça prematuro para habitações tão recentes. As moradias se localizam apenas em uma das faces de um quarteirão, na Rua do Barbatimão. Já analisando a disposição do conjunto em relação ao seu entorno, observa-se a falta de preocupação e planejamento em empreendimentos do tipo, relegados a áreas pouco habitáveis, e caras à manutenção de infraestrutura, quando a mesma é feita com regularidade, o que não parece ser o caso.
Um breve parêntese: recentemente, os conjuntos próximos ao Jardim Sucupira – São Francisco, Joana D'arc e Celebridade, tiveram seus assentamentos legalizados pela prefeitura municipal, fato que vai levar algumas melhorias para a região, e talvez até para os conjuntos próximos, assim como a área em estudo. Especulações otimistas, mas que podem vir a se concretizar, caso haja interesse real por parte do poder público, que de um jeito ou outro, ao menos parece sinalizar a favor disso em parte.
Voltando ao objeto do estudo e algumas de suas características físicas, já é sabido que aquela é região alta de Uberlândia, planialtimetricamente tem uma topografia praticamente plana, com declividade suave em grande parte, o que ocasionalmente gera problemas relativos ao escoamento de águas. Aquela é uma região de divisa topográfica entre as bacias do rio Araguari e Uberabinha. Uma medida seria que o escoamento das águas seguisse para algum manancial próximo, sempre que possível, no caso, na bacia do Uberabinha. Outra medida são os piscinões, mais econômicos, que é utilizada no local mas não é plenamente eficiente pois não existem galerias que levem a água pluvial em sua totalidade para os reservatórios, que com o tempo levam a água de volta para o lençol freático. Sabe-se que é uma região onde ocorrem alguns alagamentos decorrentes de chuvas e pelos motivos expostos.
Apesar disso, a região alta proporciona um conforto térmico relevante, visto que são poucas as barreiras contra o vento. O que pode ser visto de maneira positiva, também pode ser de certo modo negativo. A falta de barreiras na área é grande, e até mesmo a arborização se dá precariamente por meio de arbustivas ou árvores de pequeno porte. Além de servir de “filtro” para partículas em suspensão, o sombreamento das árvores é importante para épocas de grande calor, mesmo numa região bem ventilada como aquela. Outro ponto a favor de uma melhor arborização, é o fato de que as árvores também podem servir de barreira acústica, e caso dispostas ao longo da divisa da rodovia com o bairro, a poluição sonora seria menor nas casas mais próximas à BR. Como a própria rodovia se enquadra numa barreira e num limite, dentro de uma análise topoceptiva, mesmo que superficial, conclui-se que o melhor seja dar qualidade ao local, para minimizar os aspectos negativos que tal barreira já carrega consigo.
Mesmo diante de algumas situações adversas, o local conta com infraestrutura básica que atende as necessidades de subsistência das famílias ali presentes. Não conta com equipamentos de lazer ou comunitários próximos, e inclusive é uma das preocupações lançadas pelos entrevistados na APO, onde é quase unânime a reivindicação por espaços qualificados, como praças, ou quadras poliesportivas.
Esteticamente, as construções não contam com nenhuma característica que denote alguma qualidade visual relevante, mesmo porque se houvesse alguma, estaria encoberta pelos muros, primeiros “apêndices” das casas, e item primordial para qualquer morador dali. Contando com uma planta pobre em pensamento espacial, tanto de organização quanto de funcionalidade dos ambientes. Sala, quarto, cozinha, banheiro. Área de 36m², o mínimo exigido para tal tipologia, que poderiam ser melhor aproveitados caso houvesse a preocupação em dar conforto e bem-estar, e não fossem envolvidos tantos assuntos políticos sem a consciência social necessária, muito mais benéfica a longo prazo, tanto para o lado do poder quanto para o da população.
Embora tudo pareçam mazelas, as famílias residentes no pequeno conjunto se mostram satisfeitas com o simples fato de que aquelas são suas propriedades de papel passado. Todas as residências sofreram modificações por iniciativa dos proprietários, buscando dar mais comodidade, com coberturas avançando para os afastamentos laterais, edículas. E mesmo ali pode se ver que a oportunidade é de quem faz, com uma das moradias oferecendo serviço de manicure.
A vontade da população, aliada a boas ações públicas voltadas para o crescimento sustentável deveriam ser sempre prioridade. Espera-se que para o Jardim Sucupira e os bairros próximos, isso se dê melhor agora, que grande parte das famílias ali residentes terá posse do seu direito pela terra e a melhorias que isso lhes trará. A cidade tende a crescer bastante para a região leste. Exemplo disso é o residencial Jardim Novo Mundo, nas proximidades do Jardim Sucupira, na margem oposta à BR, mais um dentre vários empreendimentos recorrentes, mas que tendem a alavancar a região. E desse crescimento que se espera maiores investimentos que levem melhorias a todos por ali, principalmente para os conjuntos habitacionais pensados de maneira rasa, para que estes tenham o verdadeiro conforto que os donos daqueles lares merecem ter.


Gráficos:




Fotos:






















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